Sua preocupação é se o aumento desproporcional da taxa SELIC irá influenciar na taxa de juros financiamento imobiliário? é saber se, caso faça um financiamento agora vai conseguir cumprir com o contrato, já que estamos em um cenário de incertezas?
Para te ajudar nessa dúvida pontual, esse conteúdo abordará o que é a taxa SELIC e se ela influencia ou não no financiamento imobiliário.
O que é a taxa SELIC?
A SELIC é a taxa básica de juros do mercado, que serve de medida para o controle da economia. Ela é chamada de “básica” porque representa a menor remuneração do mercado financeiro. É por essa taxa que o Banco Central remunera os títulos públicos do Governo.
A SELIC é a taxa que orienta todas as outras taxas de juros cobradas pelos bancos. Para sua fixação, realizada pelo Conselho de Política Monetária (COPOM) do Banco Central do Brasil, são utilizados os seguintes fatores: a inflação; a taxa de desemprego; o volume de vendas do comércio; o nível de utilização da capacidade instalada; e, fatores externos, como saldo da balança comercial e recuperação da economia global.
Para que você não fique perdido, abaixo será abordado a correlação da taxa SELIC com a inflação.
O que a taxa SELIC tem a ver com a inflação?
Tudo. Um dos objetivos da taxa SELIC é neutralizar, controlar, os efeitos da inflação, mas ao que parece isso não está acontecendo.
É que, com tudo isso que vem acontecendo a inflação (desvalorização da moeda) sofre naturalmente, já que ela é uma ponderação de uma cesta de insumos de consumo das famílias.
Desde a Pandemia, quando as cadeias globais de produção foram desestruturadas em razão dos processos de isolamentos e restrições, a inflação está nesse ciclo de alta, a consequência foi o aumento global de preços. O cenário só piorou com a instalação do conflito entre Ucrânia e Rússia que trouxe uma forte aceleração dos preços no mundo todo, justamente quando as cadeias de produção estavam voltando a recomposição. Resultado? uma nova fase de desequilíbrio, isso em virtude de questões como o preço do petróleo (Rússia é uma grande fornecedora de petróleo) e o preço do trigo (Rússia e Ucrânia são grandes fornecedoras de trigo). Mesmo com um minúsculo alívio agora em maio, com a inflação mais reduzida em razão do menor aumento no preço dos combustíveis e com a redução na queda da tarifa da energia elétrica de quase 8%, ainda não é possível ter certeza e segurança de nada, isso sem falar que estamos em um ano eleitoral.
O COPOM, Conselho de Política Monetária, elevou a taxa SELIC em 1 ponto percentual, hoje a SELIC está em 12,75%, mas, deve passar para 13,25%. Todo esse aumento tem o objetivo maior de combater uma inflação de quase 12% acumulada em 12 meses (pelo menos tentar). Ocorre que, a inflação vai continuar elevando, o que faz com que a força do aumento da taxa de juros não consiga combatê-la.
Como a inflação afeta o financiamento imobiliário?
A inflação tem elevado muito os custos das construções de novas moradias, reduzindo o poder de compra das famílias.
É que, se tornou impossível construir atualmente com o mesmo valor que se construía a 1 ano atrás por exemplo, tudo isso em virtude dos aumentos dos insumos básicos da construção civil superiores a 50%. Para se ter uma noção, no mês de maio o INCC, indicador que mede o custo da construção em 7 capitais do país, aumentou 2,28%, estamos diante da maior alta do ano. Esse aumento correlaciona 2 itens primordiais: o material de construção, que no mês de maio aumentou 1,72%; e, a mão de obra, que cresceu mais de 3%. A incerteza que o aumento dos custos gera dentro do setor da construção civil para as compras e novos projetos, inviabiliza novos lançamentos. Instabilidade é o motivo.
Comprar um imóvel se torna mais difícil já que as instituições financeiras alteram as faixas de renda para a contratação dessa linha de crédito, pois o custo do crédito (de captação) fica mais elevado com o aumento da SELIC. Fato é que, o aumento de preços reduz as chances de famílias de classe média e mais pobres de adquirirem o primeiro imóvel.
Mas, se você se encaixa em uma das faixas de liberação de crédito imobiliário e o seu receio está no aumento da taxa SELIC, leia o tópico abaixo, talvez sua percepção mude.
A SELIC influencia na taxa de juros do financiamento imobiliário?
Saber que a taxa SELIC não está conseguindo combater a inflação e que vai continuar aumentando é apavorante, mas, você precisa saber que a taxa do financiamento imobiliário não está atrelada e não aumenta na mesma proporção e magnitude que a variação da taxa SELIC.
Não estou dizendo que a SELIC não influencia todas as outras taxas de juros da economia, sim ela influencia, mas, o que você precisa saber é que esse aumento não é mesma proporção.
Veja só, em março de 2021, quando a SELIC estava a 2%, a taxa média de financiamento imobiliário estava a 6%, tornando o crédito imobiliário muito acessível e com ótimas condições; hoje a SELIC aumentou para 12,75%, bem provável que passe para 13,25%, e a taxa de juros média do crédito imobiliário é de 9,5%. Com isso, é possível identificar que o aumento da taxa SELIC influência sim no crédito imobiliário, no entanto, existe uma distância significativa entre ambos. Enquanto a SELIC subiu 8,75% de janeiro de 2021 a janeiro de 2022, as taxas médias de financiamento habitacional subiram apenas 1,95%.
A taxa de crédito imobiliário se mostra bem menor que a taxa SELIC, ela é considerada a menor taxa de crédito do país. Qualquer outra taxa que observarmos da economia, em qualquer outro segmento, como crédito pessoal, como financiamento de veículo, como juros do cartão de crédito, possuem taxas muito superiores ao financiamento imobiliário, portanto, a taxa de juros do financiamento imobiliário ainda continua muito atrativa, se tiver condições, compre.
Mesmo com a taxa SELIC em alta, muitos brasileiros estão comprando imóveis. No último dia 14 a ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) divulgou que de janeiro a março deste ano foram vendidas 36.982 unidades. Isso porque investir em imóveis ainda é muito atrativo, estamos falando do investimento em um patrimônio, um ativo real que em caso de necessidade pode ser alugado ou ocupado como moradia, dentre tantas outras possibilidades.
Mas, se estiver pensando em comprar um imóvel não se esqueça dos pontos importantes que você deve se atentar antes da efetivação da compra, aqui no blog já conversamos bastante sobre o assunto, clique no botão abaixo e acesse um artigo recente sobre o tema.
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